Artigo de opinião – Atlântica News – maio 2017
Geração “Digital Native” e a Geração Z
A designação “geração digital native” é aplicada para classificar as pessoas nascidas após a década de 80, devido à sua aparente capacidade de lidar com as tecnologias de informação: envio de mensagens de texto e de correio eletrónico (email), navegação na web, realização de jogos online, processamento de texto, edição simples de imagens e figuras, entre muitas outras tecnologias (Vasconcelos e Ribeiro 2013). Estas competências digitais básicas são normalmente adquiridas atualmente pelas crianças e jovens adolescentes. Contudo, a algoritmia e a programação (codificação) no sentido de desenvolvimento e especificação de software para a resolução de problemas são competências ainda muito específicas e somente desenvolvidas por um conjunto reduzido de crianças e jovens em idade escolar.
Mais recentemente, no final de 2015 e início de 2016, a imagem generalizada que é feita dos jovens e adolescentes é designada por “geração Z”, a designação mais utilizada para referir o grupo de crianças, adolescentes e jovens nascidos entre 1994 e 2012. Este período determina e define a afirmação e consolidação da Internet. Neste contexto, após os Baby Boomers designados por geração X e Y (também conhecida por Milénio), chegou a vez da Geração Z. Em Portugal, atualmente são aproximadamente dois milhões de crianças e adolescentes com uma propensão apurada para as tecnologias de informação, especificamente as ferramentas web e internet, jogos e uma profunda interação com os media (social media) através das redes sociais.
As crianças e adolescentes da designada geração Z não conhecem outro modelo de sociedade que não aquele que a Internet definiu. Esta geração cresceu a explorar a Internet nos computadores (desktops e laptops) e dispositivos móveis com acesso constante e quase imediato a variadas fontes de informação educacional e lúdica. Esta sensação e dinâmica de que tudo está em permanente mutação não é característica única das esferas da geração Z. Nestes últimos vinte cinco anos, não foi só a tecnologia e a sociedade que evoluiu. A economia e a política mundial atravessam transformações profundas: O 11 de Setembro de 2001 deu início a uma nova ordem mundial, a crise financeira de 2007/2008 alterou os hábitos de um conjunto significativo da população mundial e o aquecimento global tem vindo a ter uma maior atenção por parte da população, incluindo os adolescentes da designada geração Z.
Uma competência fundamental que as ciências da computação promovem é a capacidade de abstração no sentido de representar o mundo real (problemas e soluções) o mais próximo e real possível nas máquinas (computadores) eletrónico digitais. Atualmente, os professores e educadores convergem no facto de as aplicações essenciais das tecnologias de informação e internet, tais como o processamento de texto, a manipulação de folhas de cálculo, a navegação e interação na internet e na web, são consideradas competências essenciais associadas à literacia digital e necessárias ao desenvolvimento de outras competências, aprendizagem e aquisição de conhecimento para outras áreas de desenvolvimento educacional. De modo a obter um conhecimento mais específico e uma melhor compreensão dos dispositivos tecnológicos e das aplicações de software, será necessário passar para uma nova dimensão de aprendizagem: a algoritmia e a programação de computadores. A aprendizagem da algoritmia e da programação potencia a forma de pensamento computacional, atualmente essencial para a criação e desenvolvimento de novas competências em diferentes áreas de conhecimento nas diversas engenharias, na nanotecnologia, nos sistemas de informação em saúde e na bioinformática, na gestão, na economia e até nas ciências sociais.
Prof. Doutor José Braga Vasconcelos, Diretor do Departamento de Tecnologias de Informação e Comunicação da Atlântica
Do livro “Scratch e Kodu”